quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Dom Casmurro - contexto

– Na 2ª metade do século XIX, na Europa, a burguesia consolidou seu poder e estabilizou suas bases ideológicas (o liberalismo político) e materiais (o liberalismo econômico): era a vitória do capitalismo industrial e da idéia do lucro.

– A Europa assistia a uma intensa onda de progresso: a implementação acelerada do sistema capitalista, o avanço industrial e a mecanização do mundo e da vida já esboçava a sociedade moderna com a aceleração das comunicações com novas técnicas de impressão, as quais agilizavam a circulação de jornais e livros; as máquinas a vapor sofisticavam o sistema de locomoção; o uso da eletricidade etc.

– Todo esse processo intensificou as contradições e tensões político-sociais entre a alta burguesia e o proletariado, que constituía a maior parte da população, ainda excluída dos benefícios do progresso, e que luta contra a opressão da ideologia burguesa dominante. Surgem os primeiros movimentos do proletariado e as primeiras greves.

– A pequena burguesia (classe média da época) une-se ao proletariado, num primeiro momento, e passa a ser a classe social dominante, em detrimento do clero e da aristocracia.
– Avanços marcantes na ciência e na medicina, como: a formulação da teoria microbiana das doenças, a descoberta de microorganismos (sífilis, malária, tuberculose), a assepsia, a utilização de anestésicos, a publicação da teoria da evolução das espécies, que, dentre outras ainda, geraram o “espírito científico”, revolucionando as maneiras de pensar, de viver, de produzir arte.


Os métodos da ciência se estendem a todos os domínios da vida humana, surge a Geração Materialista.
A Ciência desvenda o mundo!

O suporte intelectual da Geração Materialista do século XIX
(as principais correntes de pensamento):

Positivismo (Augusto Comte): filosofia que partia do princípio de que o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, isto é, oriundo da ciência (ou que pode ser analisado cientificamente). Sustentava que a realidade só poderia ser analisada a partir da observação dos fatos, rejeitando qualquer explicação metafísica (corpo de conhecimentos racionais e não-empíricos em que se procura determinar as regras fundamentais do pensamento) para a origem do homem e do mundo (negando a origem divina do mundo). Acredita na capacidade do homem de amar e ser solidário socialmente. (filosofia intimamente ligada à idéia do progresso, inspiradora do lema republicano da bandeira nacional: “Ordem e progresso”)

Determinismo (Hipolite Taine): o homem é produto das forças fisiológicas (temperamento, hereditariedade, raça, clima) e ambientais (sociedade, educação); o comportamento humano é determinado pela confluência de três fatores – meio , raça e momento histórico.

Evolucionismo ou darwinismo (Charles Darwin): dando continuidade (sob outro enfoque) à teoria do evolucionismo de Lamarck (o universo e o homem estão em constante evolução), apresenta a teoria da seleção natural, segundo a qual a natureza ou o meio selecionam, entre os seres vivos, as espécies mais aptas a sobreviver e perpetuar-se. A seleção natural faz os mais fortes derrotarem os mais fracos.

Socialismo (Proudhon) e socialismo científico (Marx e Engels): na luta de classes, o poder burguês tende a ser superado pelo poder do proletariado.

A negação do Cristianismo (Renan): a crença absoluta nas conquistas das ciências (em detrimento da perspectiva religiosa como um todo, e do Cristianismo em particular) para explicar o universo.
Em suma:
Materialismo: tudo é matéria. Todo conhecimento é sensorial. Toda idéia e atitude têm uma base material.
Nesse contexto, surgiu a arte realista.
Contexto histórico – Brasil:
O Brasil também se modernizava (salvas as devidas proporções) e a idéia do progresso, do desenvolvimento do País também dominava as mentalidades, sob influxo do Positivismo. Divulgavam-se idéias de intelectuais que viam no método científico um caminho para a renovação do pensamento histórico, político e econômico do País. Foi uma época marcada por mudanças, como:

– A extinção do tráfico de escravos acumulou capitais vultosos investidos em atividades urbanas e na implantação de indústrias e incrementou o progresso da burguesia, que residia nas cidades.

– Foi notável o progresso tecnológico no período: aparelhamento dos portos, inauguração da primeira estrada de ferro e do telégrafo, emprego da energia elétrica. Surgiram os primeiros jornais com periodicidade regular.

– Um novo tipo de mão-de-obra entrou no país: a do imigrante assalariado, que vinha substituir o trabalho escravo.

– Paralelamente, ocorria a marginalização dos negros. Em 1888, foi assinada a Abolição da Escravidão..

– A Monarquia chegava ao fim. A República foi proclamada em 1889, sob forte influência do Positivismo

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