terça-feira, 16 de março de 2010

ANÁLISE DO FILME “OLGA”

 Poder e domínio
Olga Benário era uma revolucionária comunista obstinada em sua luta: enfrentou a família, a hipocrisia da sociedade da época, os nazistas e o Estado fascista brasileiro em busca de uma idéia de igualdade e justiça social, de luta contra a exploração capitalista. Olga e muitos outros comunistas foram movidos pela necessidade de transformar essa realidade. Baseado nessas afirmações reflita sobre as questões abaixo:
• O que é o poder? Como se desenvolvem as relações de poder na sociedade? Ser racional é uma maneira de ter poder?
• Olga foi vítima da dominação, da tirania política ou mereceu a punição que lhe foi atribuída? A necessidade da manutenção da ordem social justifica práticas de perseguição política como mostrado no filme? Justifique suas respostas.

 O ser humano: o pensar e o agir
• O que move o ser humano por mudança? A sua natureza racional tem algo a ver com isso? E sua natureza emocional? É possível ao ser humano agir somente com a razão e abandonar os sentimentos?
• A partir da leitura do texto “Odeio os indiferentes” é possível dizer que a indiferença política também é uma forma de agir politicamente? Que conseqüências isso trás para a sociedade?
• Por que convivemos com uma juventude tão passiva? O que justifica essa indiferença, essa passividade?

 A política e os movimentos sociais
Assistindo ao filme e pensando nas teorias políticas, observa-se que no filme têm capitalistas, liberais, nazistas e comunistas. Quais as principais idéias de cada uma dessas correntes políticas? Como o grupo se posiciona com relação a cada uma delas?
• O que você pensa sobre as pessoas que gostam e participam da vida política de seu país? Não precisa ser necessariamente um político profissional. Justifique.
• O que você pensa sobre as pessoas que não gostam e não participam da vida política de seu país? Relacione isso com o texto “O analfabeto político”.
• “Não se revolta um país apenas com a força das idéias.” Essa frase foi dita pelo personagem Getulio Vargas no filme Olga. Comente essa frase.

 A política no D.F.
• Após ler os textos “Odeio os indiferentes” e “O analfabeto político” faça uma análise relacionando os dois textos aos fatos políticos acontecidos no D.F. atualmente.

Odeio os indiferentes
Antonio Gramsci

"Odeio os indiferentes. Como Frederico Hebbel, acredito que ‘viver é tomar partido’. Não podem existir apenas homens, os estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário.
Indiferença é abulia, é parasitismo, é covardia, não é vida. Por isso, odeio os indiferentes. A indiferença e o peso morto da História. É a bola de chumbo para o inovador, é a matéria inerte na qual freqüentemente se afogam os entusiasmos mais esplendorosos.
A indiferença atua poderosamente na História. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade, é aquilo com o que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mais bem construídos. É a matéria bruta que se rebela contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se deve tanto à iniciativa dos poucos que atuam, quanto a indiferença de muitos.
O que acontece não acontece tanto porque alguns o queiram, mas porque a massa de homens abdica de sua vontade, deixa de fazer, deixa enrolarem os nós que, depois, só a espada poderá cortar; deixa promulgar leis que, depois, só a revolta fará anular; deixa subir ao poder homens que, depois, só um sublevação poderá derrubar.
Os fatos amadureceram na sombra porque mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões restritas, os objetivos imediatos, as ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens ignora, porque não se preocupa. Por isso, odeio os indiferentes."


O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Carta de despedida de Olga Benário
Queridos:
Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha carta de despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.
Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ei, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz t sentes por nossa filha?
Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão por que se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue.
Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte. Beijo-os pela última vez.

4 comentários:

  1. Esse filme é sensacional! As frases de Olga são demais, e de Luiz Carlos Prestes, o herói brasileiro que abriu caminho contra a ditadura, o Cavaleiro da Esperança, é um homem para ser exemplo para o brasileiro.

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  2. O pior resultado indireto da ditadura brasileira foi ter transformado guerrilheiros comunistas em heróis defensores da democracia e da liberdade. Que grande ilusão! Ninguém hoje em dia enxerga quais eram seus reais propósitos. Ah, se o Brasil tivesse sofrido uma ditadura nos moldes da União Soviética, Cuba, China, Coréia do Norte etc. etc., com seus milhares de mortos, a história seria bem diferente.

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  3. São heróis sim,aquela época colocar suas vidas em jogo e saberem que não viriam este futuro?Olga e Carlos foram pessoas esquecidas pelo nosso país por que queriam a liberdade, a igualdade,mesmo que ainda não conseguimos totalmente,mas nos deram um ideal,o deabrir a nossa boca e denúnciar, cobrar e falar aquilo que não concordamos...

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    1. “Não se revolta um país apenas com a força das idéias.” Essa frase foi dita pelo personagem Getulio Vargas no filme Olga. Comente essa frase.

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