domingo, 25 de outubro de 2009

É POSSÍVEL!!!!!

Dezessete estudantes do C E M 1 do Gama conseguiram aprovação no PAS da UnB

Rodolfo Borges - Correio Braziliense
Publicação: 28/02/2009 08:10 Atualização: 28/02/2009 00:03
Alunos e professores do Centro de Ensino Médio 1 do Gama (CG) comemoram uma proeza alcançada no início deste ano: 17 estudantes do colégio foram aprovados no Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB) e começam a frequentar o ensino superior neste semestre. O número é recorde para a unidade de ensino. O segredo inclui um trabalho de autoestima intenso para fazer os alunos entenderem que a universidade não é um sonho impossível, uma sala de informática utilizada com criatividade, uma rádio interna e o acompanhamento minucioso dos estudantes por professores, muitos deles à frente das turmas durante os três anos do ensino médio.

“Nossa média de aprovações é de oito a 10 por semestre”, compara o professor Fernando Menezes, diretor em exercício do colégio. “Ao contrário dos colégios particulares, nós não preparamos o aluno apenas para esses exames”, destaca. O centro de ensino segue o currículo da Secretaria de Educação e não pode direcionar as aulas para as provas da UnB. As aulas, contudo, são puxadas e tendem a selecionar os melhores alunos, segundo Menezes. “No primeiro ano, exigimos mais — tanto que a quantidade de reprovações é maior nesse nível —, e os alunos chegam com base ao 3º ano”, avalia.

Entre os fatores que ajudam a explicar o sucesso da turma está o trabalho realizado pela coordenadora educacional Marcela Vietes. Funcionária da Secretaria de Educação há 12 anos, a psicopedagoga é a maior entusiasta do projeto universitário na escola do Gama. “Eu realizo um trabalho para melhorar a autoestima dos meninos, porque muitos deixam de se inscrever no vestibular por enxergar a universidade como sonho distante”, explica. A pedagoga costuma contar aos estudantes que, segundo as estatísticas, são os alunos de escolas públicas que têm o melhor desempenho no ensino superior. “O que fazemos é valorizar o ensino público”, resume Vietes, que faz de tudo para convencer os estudantes a prestar os exames.

“Nós entramos nas salas, espalhamos banners pelo colégio, realizamos reuniões e anunciamos na Rádio Escola o prazo para inscrição”, conta. Além de motivar os alunos, a coordenadora educacional do colégio acompanha todos eles durante o processo de inscrição no vestibular e no PAS. Tudo acontece dentro da sala de informática do CG, que é outro ponto forte do colégio. “Alguns dos alunos que foram aprovados não teriam nem se inscrito para prestar o exame se não fosse essa sala”, garante Vietes. Os 40 computadores do laboratório estão disponíveis para pesquisa e costumam ser utilizados pelo professores para diversificar as aulas. “Nós devemos muito à escola, porque eles nos deram todo o apoio de que precisávamos”, elogia Marlon Santana, 18 anos, que passou para o curso de letras-espanhol.

Estrutura
O centro educacional conta com um auditório equipado com caixas de som e microfones e uma sala para teleclasse, além do laboratório de informática. As instalações são tão boas que o CG conseguiu abrigar oito turmas de colégios de Santa Maria que suspenderam as atividades. “A estrutura faz diferença”, comenta o professor de geografia Afonso Batista, militante no CG há seis anos.

Outra vantagem da turma de aprovados, segundo o professor de matemática Hassan Bassis, é que eles foram acompanhados ao longo de todo o ensino médio pelos mesmos professores. “Várias disciplinas foram ministradas pelo mesmo docente no 1º, no 2º e no 3º anos. Nós não precisávamos perguntar que assuntos eles tinham estudado nos anos anteriores”, lembra.

“A gratuidade da inscrição de alunos de escolas públicas nos vestibulares da UnB e a abertura dos câmpus de Ceilândia, Planaltina e Gama também contribuíram muito para esse resultado”, comenta o diretor Fernando Menezes, que considera difícil repetir o feito no próximo ano. “Em 2009 nós temos uma turma a menos”, justifica. O diretor acredita que se 15 alunos foram aprovados, já será bom demais.

Futuro
Aprovado para o curso de engenharia do câmpus do Gama, o estudante Douglas Henrique de Oliveira Paiva, 17 anos, se diz tranquilo em relação ao futuro. “Eu já estava me preparando para fazer cursinho quando soube que havia saído o resultado do PAS. Nunca imaginei que fosse passar”, conta. “Com certeza, o colégio foi o que mais influenciou no meu sucesso”, emenda Davi Rodrigues, 15 anos, aprovado para o curso de Letras-Inglês no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte.

A opinião de Davi é reforçada pela mãe, Maria da Paz, mas a dona de casa acha que é preciso mais do que bons professores para assegurar o sucesso de um vestibulando. “Pais, alunos e professores têm que estar envolvidos nesse processo. Se a família não participar, não dá certo”, analisa a mãe, que já tinha celebrado a aprovação do filho Adriel Rodrigues no curso de letras-espanhol, em 2006. Hoje, Adriel, que estudou no Centro de Ensino Médio 2 do Gama e faz parte do Centro Acadêmico de Letras, dá dicas aos calouros. “A UnB se destaca entre as universidades que conheço, e olha que conheço várias”, diz o estudante.

Setor Oeste, a referência

Outra escola pública que costuma se destacar no Distrito Federal é o Centro de Ensino Setor Oeste (CESO). Na 3ª etapa do Programa de Avaliação Seriada deste ano, por exemplo, 21 estudantes da unidade de ensino, na 912/913 Sul, passaram nos exames da Universidade de Brasília. “O Setor Oeste sempre teve o trabalho voltado para a construção da cidadania, mas, para tanto, é preciso dar condições para que o aluno mude de vida”, argumenta o professor Carlos da Costa Neves Filho, supervisor pedagógico do CESO. Criado na década de 1980, o colégio se tornou famoso pela qualidade. A escola foi concebida para formar estudantes tão preparados quanto os alunos de instituições privadas.

É esse diagnóstico que transforma a aprovação de 17 alunos do Centro de Ensino Médio 1 do Gama em algo tão significativo, como reforçam os mestres de lá. “Quem faz a diferença são os estudantes. Eles são dedicados e esforçados. Têm uma capacidade de abstração impressionante”, resume Hassan Bassis, professor de matemática.

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